BDB Cultural recebe Francisco Sales, especialista em ensino de altas-habilidades, para iniciar a agenda de abril, dia 1º, às 19h
Prof Francisco Sales - ciência - Arquivo Pessoal - BDB Cultural
Uma consequência do enfrentamento à pandemia de covid-19 foi que os temas ligados à ciência se tornaram cotidianos. Os processos de investigação, as normas de conduta científicas e mesmo o rosto de alguns pesquisadores contemporâneos se popularizaram no noticiário. Essa entrada da ciência no debate público foi importante também para que se questione a forma tradicional e historicista em que a ciência é ensinada para os jovens no sistema educacional.
Uma proposta de reformulação da forma como entendemos e ensinamos ciência será tema da palestra que dá o pontapé à programação de abril da BDB Cultural. A iniciativa recebe em 1º de abril, às 19h, o professor Francisco Sales, que faz um trabalho diferenciado de educação complementar para alunos superdotados na rede pública do DF e que está ancorado no que ele acredita ser a saída para um ensino mais moderno e interessante da ciência: a investigação real de problemas reais.
“O ensino de ciências entrou em um contexto de memorização, réplica e transmissão de conteúdo. A ciência, porém, é justamente a experimentação. Em vez de seguir apresentando respostas antigas para problemas já resolvidos, a gente deve se ocupar de respostas novas, que possam ser aplicadas pelos alunos em seus contextos, que sejam metodológicas. Ensinar a fazer ciência é ensinar a organizar e produzir conhecimento, mas não temos feito isso nas escolas”, diz o professor, que trabalha com alunos de altas habilidades/superdotação do DF.
Sales acredita que a ciência passou a ser ensinada como um histórico de descobertas relevantes pela facilidade com que isso se encaixa no método tradicional de ensino e avaliação. “A partir do estabelecimento de respostas corretas a serem memorizadas, a gente diminuiu o espírito investigativo e isso tem consequências. Vivemos em uma sociedade que acredita que o resumo, que o título tem todas as respostas. Não temos aprofundamento e eu culpo a escola por isso. Os trabalhos pedidos, as provas, a gente conformou o estudante a passar, formou uma geração de mediocridade. A criança é curiosa, ela mexe, fuça, mas a gente vai cortando. O modelo educacional está fechado em uma resposta-padrão e temos que abri-lo”, diz o professor. A transmissão do bate-papo será nas redes sociais da iniciativa, no Facebook e no Youtube. A mediação é do coordenador-geral da BDB Cultural, Marcos Linhares.
O ensino para superdotados
Essa fórmula de ensino que seja aberta ao novo já existe, mas aplicada em pequena escala, como faz o próprio professor Francisco Sales com seus alunos de altas habilidades. “Esse é um público que academicamente sofre muito por não se encaixar no sistema educacional. Eles são extremamente variados, há inteligências diversas, matemática, linguística, artística... Nosso atendimento a eles os organiza em grupos multidisciplinares através de projetos investigativos em que eles serão os agentes de busca de uma solução para problemas reais, de seus cotidianos. Eles buscam o referencial teórico, refletem e estabelecem práticas. O resultado da integração, da aplicação dos conhecimentos, é visível”, diz.
“Associamos os alunos com altas habilidades a ‘pequenos gênios’, mas isso os torna individualistas, os isola. Nós queremos aproveitar essa capacidade para resolver problemas, não simplesmente decorar uma data. Um conteúdo específico memorizado ele só pode ser aplicado para reproduzir conteúdo, não cria. O estudo científico mostra a importância dele como membro da sociedade. Com isso ganha a sociedade, o aluno, a família, a escola, todos. A resistência maior é só o padrão de conforto do modelo que já está estabelecido”, conclui.
Sobre a BDB Cultural
A BDB Cultural é uma iniciativa do governo federal, por meio do Ministério do Turismo, em parceria com a Biblioteca Demonstrativa do Brasil Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) e, por meio de um termo de colaboração, com a organização social Voar Arte para a Infância e Juventude. A agenda que o projeto executará na BDB segue até março de 2022.
“Com a BDB Cultural, vamos renovar a prática de ser uma referência a outras bibliotecas do país para que elas possam abrir suas asas para voos mais altos e dar vida aos seus espaços”, diz o coordenador-geral da BDB Cultural, Marcos Linhares.
Para saber mais sobre os próximos cursos e eventos oferecidos, acompanhe as novidades da BDB Cultural no Youtube (https://www.youtube.com/c/BDBCultural), no Facebook (https://www.facebook.com/bdbcultural) e no Instagram (https://www.instagram.com/bdbcultural/) da iniciativa.
Sobre Francisco Sales
Francisco Sales é um biólogo e professor nascido em Brasília. Aos 37 anos já soma duas décadas de sala de aula. Começou a se aproximar no tema da superdotação quando seus filhos tiveram uma indicação a fazer este acompanhamento. Acabou tornando-se especialista em alunos com altas habilidades. É professor da Secretaria de Educação do DF desde 2008 onde atua com esses alunos com essa indicação especial do sexto ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio, na regional de Taguatinga-DF.
Serviço:
BDB Cultural – Abril de 2021
Palestra com Francisco Sales sobre “O ensino da ciência”.
1º/04, 19h - Transmissão gratuita da palestra no Facebook e no Youtube da BDB Cultural.
Outras informações:
Facebook.com/bdbcultural
Instagram - @bdbcultural
Tema muito relevante para a atualidade onde temos jovens cada vez mais criativos e pensando "fora da caixa".