Airton Dutra de Farias, diretor do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais, fala no dia 30, às 19h, ressaltando a importância do aprendizado para um mundo mais adaptado
FOTO: Prof Airton Dutra - acessibilidade - Arquivo Pessoal - BDB Cultural
Ações simples como caminhar na rua ou usar eletrodomésticos podem ser extremamente arriscadas para as pessoas com deficiência visual. Em uma sociedade mais adaptada e em que este grupo tivesse sua voz política ouvida, porém, as coisas poderiam ser mais simples para todos. Para o diretor do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais do Distrito Federal, Airton Dutra de Farias, um dos principais pilares para o respeito às pessoas com deficiência, portanto, é ouvi-las. Um bom começo para abrir este diálogo será a palestra que a BDB Cultural realiza com Airton no próximo dia 30, terça-feira, às 19h, nas redes sociais da iniciativa.
Com o tema “Cidadania plena”, a palestra se dedica a estudar meios de diminuir as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência em seus cotidianos — e embora trabalhe especialmente o caso das pessoas com deficiência visual, pelo longo trabalho de Airton com este grupo, a palestra abarcará também outras deficiências em suas dicas para a construção de uma sociedade com equidade e respeito mútuo.
“Para uma cidadania plena a gente tem que ter o acesso total e irrestrito a todo tipo de informação e serviço. Na comunidade das pessoas com deficiência, porém, ele é muito dificultado. A sociedade não está preparada para lidar, seja por falta de conhecimento, de interesse, ou mesmo por ser ‘só’ uma minoria, não se trabalha com as diferenças. Ainda estamos engatinhando na ideia de que todos, sem importar suas individualidades, possam conviver no mesmo espaço”, diz o diretor do CEEDV.
A tecnologia como facilitadora
Para Airton, a questão da acessibilidade e cidadania para pessoas com deficiências também passa por uma questão econômica. Em um mundo progressivamente mais tecnológico, nos últimos anos as pessoas com condições receberam diversas ferramentas de apoio que melhoraram sua qualidade de vida, mas que estão longe de ser possíveis para a maior parte da população.
“A cidadania plena se torna muito difícil quando não há acesso às tecnologias. Para pessoas de baixa visão, por exemplo, há sofisticados programas de voz que facilitam o acesso a informações e a serviços mas eles são caros. Pessoas carentes correspondem a 90% das nossas matrículas. Como ocorre em várias escolas públicas, muitas vezes a refeição que elas fazem na escola é uma das poucas que farão no dia. Como garantir que todos tenham uma bengala branca, uma estrutura tecnológica e que possam aprender a lidar com essa tecnologia?”, questiona.
O diretor do CEEDV, no entanto, ressalta que nem a tecnologia foi capaz de equalizar as oportunidades, nem para quem tem condições. “No ponto da cidadania que equipare pessoas visonormais com pessoas com deficiência visual, por exemplo, só teremos alcançado a cidadania plena quando a gente for no cinema e encontrar todos os filmes com audiodescrição disponível, por exemplo. Cinemas com pisos táteis também. São adaptações que podem mudar a vida de muita gente”, completa ele.
A importância da igualdade de oportunidades
Airton Dutra celebra a possibilidade de fazer uma palestra dentro da programação cultural de uma biblioteca. “Acho importantíssimo que um espaço de cultura que tem o objetivo de ser diversificado mostre isso em sua programação. A gente deve tratar a igualdade de oportunidades de um ponto educativo. Temos de explicar sempre, pois para muita gente é algo novo, mas a partir dessas iniciativas a gente vai plantando sementes na sociedade. Sendo ainda uma programação on-line, isso pode ganhar um volume muito grande de pessoas e chegar a quem nunca tinha imaginado a diferença que faz ter informação. Para auxiliar uma pessoa com deficiência é preciso, sobretudo, de informação, mais até do que a boa vontade”, afirma.
“Muita gente não consegue imaginar o que seja a vida em que é preciso pensar uma técnica para se sentar em uma cadeira sem correr risco de se machucar. É preciso preparar a sociedade para conviver com as pessoas com deficiência, informar as pessoas para que elas tenham condições de trabalhar junto com ela. E é trabalhar mesmo. Para a pessoa se sentir um cidadão pleno ela não quer que se ‘faça de conta’ que ela está trabalhando, como ocorre em muitas empresas que contratam pessoas com deficiência. Todos querem se sentir úteis, produtivos. Todos somos capazes de fazer muito mais por uma sociedade de fato inclusiva”, conclui Airton.
Sobre a BDB Cultural
A BDB Cultural é uma iniciativa do governo federal, por meio do Ministério do Turismo, em parceria com a Biblioteca Demonstrativa do Brasil Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) e, por meio de um termo de colaboração, com a organização social Voar Arte para a Infância e Juventude. A agenda que o projeto executará na BDB segue até março de 2022.
“Com a BDB Cultural, vamos renovar a prática de ser uma referência a outras bibliotecas do país para que elas possam abrir suas asas para voos mais altos e dar vida aos seus espaços”, diz o coordenador-geral da BDB Cultural, Marcos Linhares.
Para saber mais sobre os próximos cursos e eventos oferecidos, acompanhe as novidades da BDB Cultural no Youtube (https://www.youtube.com/c/BDBCultural), no Facebook (https://www.facebook.com/bdbcultural) e no Instagram (https://www.instagram.com/bdbcultural/) da iniciativa.
Sobre o Airton Dutra de Farias e o CEEDV
Diretor do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais do DF há mais de 20 anos, é especialista em técnicas de acessibilidade e na educação de pessoas com deficiência visual. O CEEDV, localizado na 612 Sul, em Brasília-DF, foi fundado em 1981 e atende a uma média de 150 a 200 alunos por ano. Além da formação educacional tradicional, esta escola pública especializada promove oficinas artísticas e de capacitação profissional e atende públicos do infantil ao adulto.
Serviço:
BDB Cultural – Março de 2021
Palestra com Airton Dutra de Farias no YouTube e Facebook da BDB Cultural, às 19h, de graça.
30/03 = “Cidadania Plena” palestra com Airton Dutra, diretor do Centro de Ensino Especial de Deficientes Visuais do DF.
Outras informações:
Facebook.com/bdbcultural
Instagram - @bdbcultural
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