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Mesa redonda debate a presença do sagrado feminino na literatura


BDB Cultural recebe as escritoras as escritoras Adriana Kortlandt, Daniela Migliari e Lívia Borges para um debate sobre uma autodescoberta feminina na literatura


Mesa será realizada no dia 16, às 19h, discutindo obras que debatem a ancestralidade e a espiritualidade da mulher


FOTO: Adriana Kortlandt - Foto SUILIAN RICHON - Divulgação


“Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas”, diz o prefácio do livro Mulheres que correm com os lobos. A busca por entender a verdadeira natureza feminina, tanto a partir da ciência como a partir da espiritualidade, tornou a obra de Clarissa Pinkola Estés um dos principais livros para entender o movimento feminista a partir do ano passado — embora o livro tenha sido lançado há quase três décadas. É na esteira dessa obra e da busca por um sagrado feminino que a BDB Cultural realiza um debate na próxima terça-feira, dia 16, às 19h, recebendo as escritoras Adriana Kortlandt, Daniela Migliari e Lívia Borges.

Todas elas são autoras de livros que buscam um autoconhecimento e uma análise de suas experiências femininas — a modo do que faz Clarissa — e neste debate enfocarão distintos aspectos dessa iniciativa de entender as energias da mulher. Depois de uma discussão geral sobre essa busca das raízes da feminilidade, o debate passará por temas como a recuperação da autoconfiança, o fortalecimento da alma e a aceitação das sombras das mulheres. A transmissão dessa roda de conversa será nas redes sociais da BDB Cultual, no Facebook e no Youtube. A mediação do debate é do editor de livros e curador literário da iniciativa, Tagore Alegria.

A autodescoberta através da literatura

A escritora e psicóloga Adriana Kortlandt trabalha o tema do sagrado feminino a partir de uma perspectiva menos espiritualista do que inicialmente se poderia imaginar. “Para mim o sagrado é uma palavra polissêmica, ele é um símbolo de algo rico que temos e importante de ser cuidado. O que me motiva hoje em dia nesta sacralidade é buscar um olhar lúcido para si mesmo, conhecer-se por dentro e por fora, saber que se tem um lugar que é seu, com potências e fragilidades reconhecidas, mas que não levem nem à superioridade nem à submissão. Sagrado é ser humano e ser reconhecido como tal”, diz ela.

Para a escritora, estamos em um caminho para chegar a essa aceitação. “Eu fui criada por uma sociedade que dizia ‘atrás de um grande homem, há uma grande mulher’, como se esse fosse o lugar correto: atrás. A gente ainda vive em um mundo em que o padrão do que é considerado masculino é valorizado. Isso fica evidente quando um homem usa uma saia, é como se ele se inferiorizasse. A gente está longe de chegar em uma aceitação absoluta da existência de emoções em homens e de praticidade em mulheres, em uma maior penetração dessas dicotomias. Mas um bom começo é estar lúcido em seu lugar, é assumir sua posição sem se deixar diminuir pelo olhar do gênero e sem achar que a sua presença tem de estar referenciada pelo outro”, completa.


FOTO: Daniela Migliari - Foto RCG Photos & Films - Divulgação

Segundo a escritora e jornalista Daniela Migliari, é importante notar que mesmo em livros que constroem uma simbologia forte e mitológica como o de Pinkola, o principal foco está no relato da experiência feminina. “São livros que carregam um testemunho. Esses materiais de narrativas mitológicas, de símbolos, eles exteriorizam processos internos e eles ajudam a quem lê por isso. O mito sempre existiu para que a gente se projete nele, isso é o que vai nos auxiliar a se organizar, a se colocar e aprofundar o conhecimento de si. Nesse universo, mesmo a criação de contos e de histórias ficcionais nos dão essas imagens de referência, nos colocam diante do espelho”, diz.

Migliari fala por experiência própria: seu livro Abraço a sombra é um repasso de tropeços pelos quais ela passou em sua vida e as lições que tirou disso. “A sombra tem mais que conflito. Ela tem talentos, tem o desconhecido, tem a descoberta. Nós somos seres inteiros, indivisíveis, mas bem pequeninhos perante um universo gigante. Se não acolhemos a nossa humanidade, botamos o pé no chão, não temos o encontro com a realidade e com a humildade. Aceitar é se abrir para o novo. A culpa pelo que vivemos vira álibi, vira resistência, mas com autoamor, com autoconhecimento, a gente sai da consciência tribunal e para uma consciência mais mãe”, diz.

Por fim, a escritora e psicóloga Lívia Borges ressalta que a visão de um sagrado e de uma força guerreira da mulher começa neste processo interior, mas envolve lutas que são muito externas a sua existência. “Uma mulher guerreira é aquela que percebe, especialmente a partir dos 30 anos, o seu potencial de mulher, sua força, sua sacralidade. A guerreira ela não luta só pela sobrevivência, é pela economia, pela condição mental saudável, pela saúde física. O confronto é com a injustiça, com o sistema imposto, não propriamente com a masculinidade. Na verdade, é entender que todos somos feitos tanto da espada, o símbolo da luta masculina, quanto da bainha, a representação da sabedoria feminina de saber quando e quanto lutar”, diz.

Nessa construção de uma mulher de alma guerreira, Lívia Borges ressalta que essa não é uma postura de solidão, de herói, ao contrário, é necessário dar espaço para a aproximação de uma rede de apoio. “Existe um movimento que é individual, a iniciativa de indignar-se, de querer mudar, mas é preciso o amparo para que se dê resultado. Tanto o silêncio do autoconhecimento, do escutar e pensar, quanto o da congregação, de dividir o aprendizado, amparar e ser amparada, isso faz parte desse mergulho que mostra não só a importância da troca, mas também uma reverência a toda uma ancestralidade que caminhou e caminha para que você chegue onde está”, conclui.

Mês da mulher


FOTO: Lívia Borges - Divulgação

Esta é mais uma das mesas que foram pensadas para relacionar discussões da contemporaneidade com o mês da mulher. As primeiras realizadas foram “Mulheres e a literatura infantil”, no dia 05, abrindo a agenda (confira no link: https://www.youtube.com/watch?v=1DqazZMsb1g&ab_channel=BDBCultural ) e no próprio Dia Internacional da Mulher, 08, a mesa “Mulheres empoderadas: diferentes visões, diferentes versões” (confira o evento no link: https://www.youtube.com/watch?v=fFDxJltNttw&ab_channel=BDBCultural). A programação do mês ainda inclui outros dois eventos que seguirão este modelo: um sarau e debate só com mulheres poetas no dia 21, Dia da Poesia; e no dia 24 a última mesa redonda, reunindo dessa vez jovens escritoras ligadas ao movimento “young adult” e as relações que ele tem com as adolescentes.

Sobre a BDB Cultural

A BDB Cultural é uma iniciativa do governo federal, por meio do Ministério do Turismo, em parceria com a Biblioteca Demonstrativa do Brasil Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) e, por meio de um termo de colaboração, com a organização social Voar Arte para a Infância e Juventude. A agenda que o projeto executará na BDB segue até março de 2022.

“Com a BDB Cultural, vamos renovar a prática de ser uma referência a outras bibliotecas do país para que elas possam abrir suas asas para voos mais altos e dar vida aos seus espaços”, diz o coordenador-geral da BDB Cultural, Marcos Linhares.

Para saber mais sobre os próximos cursos e eventos oferecidos, acompanhe as novidades da BDB Cultural no Youtube (https://www.youtube.com/channel/UCDKEJjxob9YrWy0B7isNeaA), no Facebook (https://www.facebook.com/bdbcultural) e no Instagram (https://www.instagram.com/bdbcultural/) da iniciativa.

Sobre as convidadas

Adriana Kortlandt é escritora e psicóloga. Nasceu no Rio de Janeiro em 1963. Formou-se em psicologia na Alemanha, onde mora. Nesta profissão, direcionou suas atividades para a psicologia clínica com foco na terapia do trauma. Sua primeira publicação foi o livro Almagesto – Contos anímicos, premiado com menção honrosa na BEA 2013, Book Expo America, NY. Lançou em 2017 A casa da vida, em que narra as ações humanitárias de Maria da Glória Nascimento de Lima em Brasília, criadora de um abrigo para crianças.

Daniela Migliari é jornalista e escritora, nascida em Brasília, onde reside. Na busca do autoconhecimento, encontrou no ofício de escrever uma forma amorosa de entrar em contato consigo mesma. O resultado dessa investigação pessoal é o livro Abraço a sombra, de 2018. Casada e mãe de três filhos, é atuante no meio espírita e especialista em constelações familiares.

Lívia Borges é escritora e psicóloga. É também criadora da editora Pró-Consciência, fundada em 2019, e conhecida por reunir um material de publicações de espiritualidade, direitos humanos e psicologia. Ela é autora do livro A Alma do Guerreiro, de 2006, que foi reeditado em 2018.

Serviço:

BDB Cultural – Março de 2021

Mesa de literatura com o tema “Escritoras e o sagrado feminino” com as escritoras Adriana Kortlandt, Daniela Migliari e Lívia Borges.

16/03 - Transmissão gratuita da palestra no Facebook e no Youtube da BDB Cultural às 19h.

Outras informações:

Facebook.com/bdbcultural

Instagram - @bdbcultural

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