Evento traça as relações entre literatura e cinema com a participação da produtora Ana Arruda Neiva e dos escritores Lino Meireles e Maurício Gomyde
FOTO: Lino Meireles - Acervo Pessoal
O Dia do Cinema Nacional é celebrado em todo 19 de junho, mas na BDB Cultural essa agenda vai começar mais cedo. No próximo dia 17, quinta-feira, às 19h, a iniciativa faz uma mesa de debates em homenagem a esta data com a participação de escritores apaixonados pela sétima arte e por profissionais da telona que tem uma relação muito próxima com a literatura. A mesa “O livro na tela” contará com as presenças da produtora de cinema Ana Arruda Neiva e dos escritores Lino Meireles, autor de Candango – Memórias do Festival, e de Maurício Gomyde, autor de Surpreendente!, respectivamente uma não-ficção e um romance que tem o cinema como protagonista. A transmissão será nas redes sociais da BDB Cultural.
FOTO: Ana Arruda Neiva - Acervo pessoal
Surpreendente!, inclusive, é um livro que nasceu da ideia de Gomyde de fazer um livro sobre cinema. “Eu queria muito fazer um livro sobre cinema, que é uma coisa que eu amo muito. A primeira coisa que eu pensei foi: o que de pior pode acontecer a um cineasta? Daí me veio a ideia de escrever sobre um jovem que quer dirigir um filme enquanto está ficando cego”, aponta o autor. O escritor Lino Meireles também define sua relação com a sétima arte como “uma paixão” e sua ideia para Candango - Memórias do Festival era inicialmente fazer um filme. “Meu primeiro plano era fazer um filme, gravei várias entrevistas, mas um filme que não passasse de duas horas não poderia contemplar todo o material que eu tinha reunido. Além do mais, um filme não é algo que se faça sozinho. Então foi muito lógica essa migração para mim, afinal, são duas formas, literatura e cinema, muito poderosas de se contar histórias”, diz.
FOTO: Maurício Gomyde - Júnior Aragão/Divulgação
Polêmica resolvida
Ana Arruda Neiva define a relação de livro e de cinema, que dá título à mesa, como uma retroalimentação. “A literatura é fundamental para a construção de imaginários, a gente desenha cada personagem na nossa mente, em uma tela imaginária. O cinema ele é menos individual. Ele, claro, mostrando o ponto de vista de um diretor ou de uma equipe, sobre uma obra, mas pode expandir seu universo com uma sinestesia. Embora caminhem juntas para construir essa imaginação, a adaptação literária pelo cinema virou um tabu, é que nunca um diretor vai tirar do papel exatamente o que o leitor imaginou, mas será que essa é a função de uma boa adaptação?”, provoca ela.
A resposta vem de Lino Meireles: “Eu acho que quem considera a relação entre cinema e livros como conflitiva é quem não entendeu o diálogo entre as artes. É preciso ser permissivo quando se avalia uma adaptação, tanto das páginas para a tela como o contrário. Uma coisa não nega a outra, não se apaga o filme, não se apaga o livro pela criação de um novo produto, porque na prática é isso: um novo produto. Quem busca ver a mesma coisa em meios tão diferentes está buscando a frustração. Todas as histórias são versões de uma história. Quando a gente conta a história de um livro para alguém, fazemos um resumo, ressaltamos o que nos impressionou. É isso que um bom diretor faz ao adaptar”, diz.
A conclusão da polêmica fica com Maurício Gomyde: “Antes eu tendia a valorizar a história lida frente a adaptada ao cinema sempre, mas tenho entendido melhor a visão que o diretor teve para adaptar a história, pois ela também tem essa individualidade criativa, ela não depende do livro diretamente. E é um trabalho de uma visão. Se você der o mesmo livro a 10 equipes de cinema diferentes, você terá, sem dúvida, 10 filmes diferentes. Eu já li livros como A menina que roubava livros e eu gostei mais do filme que do livro. Claro, acho que uma coisa se relaciona com a outra, tem que ter um diálogo, o diretor não pode só jogar o livro pro alto, mas dizer isso é bem distante de dizer que só o livro que vale”, aponta.
Sobre a BDB Cultural
A BDB Cultural é uma iniciativa do governo federal, por meio da Secretaria Especial de Cultura, do Ministério do Turismo, em parceria com a Biblioteca Demonstrativa do Brasil Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) e, por meio de um termo de colaboração, com a organização social Voar Arte para a Infância e Juventude. A agenda que o projeto executará na BDB segue até março de 2022.
“Com a BDB Cultural, vamos renovar a prática de ser uma referência a outras bibliotecas do país para que elas possam abrir suas asas para voos mais altos e dar vida aos seus espaços”, diz o coordenador-geral da BDB Cultural, Marcos Linhares.
Para saber mais sobre os próximos cursos e eventos oferecidos, acompanhe as novidades da BDB Cultural no Youtube (https://www.youtube.com/c/BDBCultural), no Facebook (https://www.facebook.com/bdbcultural), Instagram (https://www.instagram.com/bdbcultural/) e no site www.bdbcultural.com.br da iniciativa.
Sobre os convidados
Ana Arruda Neiva é uma produtora de cinema de Brasília. É uma das criadoras de eventos como o Curta Brasília, dedicado aos curtas, e o InterAnima, às animações. É uma das sócias da Séptima Cinema, uma produtora e distribuidora de filmes.
Lino Meireles é jornalista, escritor e diretor de cinema. É um dos mais conhecidos pesquisadores da história do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, um dos eventos mais antigos do país dedicado à sétima arte, tendo escrito livros e filmado documentários sobre o assunto.
Maurício Gomyde é um escritor brasileiro, conhecido principalmente por seus livros A Máquina de Contar Histórias e Surpreendente!, finalista do prêmio Jabuti em 2016. Seu lançamento mais recente é o romance Cidadão de bem.
Serviço:
BDB Cultural – Junho de 2021
Mesa “O livro e o cinema” celebra o Dia do Cinema Nacional na BDB Cultural
17/06 - Transmissão no Youtube e no Facebook da BDB Cultural, às 19h.
Outras informações:
Site www.bdbcultural.com.br
Facebook.com/bdbcultural
Instagram - @bdbcultural
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