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Bicentenário de Dostoiévski motiva mesa na BDB Cultural

Atualizado: 1 de jun. de 2021


  • Escritor russo que influenciou as humanidades no século XX é debatido tendo em vista sua profunda visão do humano no dia 4

  • Participam do debate o professor da UnB Augusto Rodrigues, o escritor brasiliense JP Silva e o tradutor de várias obras do autor russo Oleg Andréev Almeida

FOTO: O escritor russo em 1876 - wikicommons “Ao começar a biografia de meu herói, Alieksiéi Fiódorovitch, sinto-me um tanto perplexo. Com efeito, se bem que o chame meu herói, sei que ele não é um grande homem.” Assim começa o livro Irmãos Karamazov, uma das obras mais densas que escreveu Fiódor Dostoiévski. Nesse par de frases, estão contidos os indícios de toda a investigação que o autor faz das camadas do humano e que serão recuperados no bate-papo “A alma humana em Dostoiévski”, que terá transmissão nas redes sociais da BDB Cultural na sexta-feira, 4 de junho, às 19h.

O que interessava ao escritor russo, cujo nascimento completa 200 anos em 2021, era o que há por trás de cada pessoa, o que há de heróico e também de inferior no humano. O debate que a iniciativa organiza quer passear pela obra de Dostoiévski a partir dessas análises que o autor apresenta em algumas de suas mais conhecidas obras. A mesa traz o professor da UnB Augusto Rodrigues, o escritor brasiliense JP Silva e o tradutor de várias obras do autor Oleg Andréev Almeida ao debate.

“O segredo de Dostoiévski é fácil de desvendar. Sejam quais forem o país e a época, suas obras são lidas, constante e intensamente, por abordarem diversos temas atemporais que não dizem respeito a determinada pessoa, etnia ou nação e, sim, à humanidade inteira. Acredito que o lado mais relevante da obra dostoievskiana, e a maior inovação artística desse autor, é aquele interesse profundo que lhe é intrínseco no tocante aos aspectos sombrios do espírito humano, às loucuras e perversões perpetradas pelo homem, aos crimes cometidos por ele, focado nas singularidades e patologias mentais”, diz Oleg.

Para JP Silva, o segredo do escritor também está nessa lupa com a qual ele consegue enxergar as falhas do humano. “Ele cria aqueles personagens presos em seus pensamentos, vendo a podridão do mundo, e nós pensamos junto com eles. Raskólnikov, em Crime e Castigo, se acha no direito de tirar a vida de uma pessoa por achar aquela vida inferior. Quantas vezes os humanos não caíram nesse pensamento?”, questiona o autor.

O professor da UnB Augusto Rodrigues completa a linha de pensamento de seus colegas de mesa aproximando o autor russo do contexto nacional. “Sempre pensei o Dostoiévski como um escritor à margem, embora esteja nessa Eurásia, ele vive um país que tem uma conjuntura que está muito próxima da nossa realidade. Está na obra dele o conflito da chegada do capitalismo no século XIX, que vai gerar todos os problemas a partir da década de 1860, quando ele escreve Os demônios, que culmina na revolução. Ele avalia os conflitos políticos, a degradação social, uma espécie de pandemia de suicídios... Essa quantidade de forças conflitivas em jogo, dada as devidas proporções, formam um panorama que nos ajuda a pensar o Brasil", diz.

Um caminho para entrar no turbilhão

Para aqueles que conhecem pouco da obra do autor russo, é difícil saber como começar, mas os convidados também dão dicas para que o mergulho não seja precipitado. Para Augusto Rodrigues, um bom caminho é começar pelos “contos, os textos curtos”. “Se for um autor que já tem o hábito da leitura, devemos começar com Crime e castigo. Ele tem uma força de atração do leitor, aquela atmosfera perturbadora, aquele personagem jovem, sem rumo. Mas dá para pensar ele também pelo ponto de vista do humor, há riso em Dostoiévski”, diz.

“De fato, as obras de Dostoiévski são numerosas e, vez por outra, bastante difíceis de ler. Portanto, eu poderia sugerir aos seus futuros leitores não se atirarem naquele mar dostoievskiano de ponta-cabeça, começar por algumas obras menores e mais simples como O jogador e Noites brancas e chegando mais tarde a seus famosos romances. Aprende-se, além disso, a compreender e a apreciar Dostoiévski com o passar dos anos: aquelas obras que atraem um leitor mais maduro podem deixar alguém menos experiente desconcertado ou decepcionado”, adverte Oleg.

Quem conclui a série de recomendações é JP Silva: “Todo leitor trilha seu caminho, então eu vou recomendar o que eu me sinto mais confortável. São os títulos Sonho de um homem ridículo, Notas do Subterrâneo e Crime e Castigo”.

Sobre a BDB Cultural

A BDB Cultural é uma iniciativa do governo federal, por meio da Secretaria Especial de Cultura, do Ministério do Turismo, em parceria com a Biblioteca Demonstrativa do Brasil Maria da Conceição Moreira Salles (BDB) e, por meio de um termo de colaboração, com a organização social Voar Arte para a Infância e Juventude. A agenda que o projeto executará na BDB segue até março de 2022.

“Com a BDB Cultural, vamos renovar a prática de ser uma referência a outras bibliotecas do país para que elas possam abrir suas asas para voos mais altos e dar vida aos seus espaços”, diz o coordenador-geral da BDB Cultural, Marcos Linhares.

Para saber mais sobre os próximos cursos e eventos oferecidos, acompanhe as novidades da BDB Cultural no Youtube (https://www.youtube.com/c/BDBCultural), no Facebook (https://www.facebook.com/bdbcultural), Instagram (https://www.instagram.com/bdbcultural/) e no site www.bdbcultural.com.br da iniciativa.

Sobre Dostoiévski

Fiódor Dostoiévski foi um romancista e contista russo cujos textos de profunda penetração psicológica no elemento humano influenciaram toda a ficção do século XX. Ele nasceu em Moscou, na Rússia, em 1821 e morreu em 1881, em São Petersburgo, no mesmo país. Dostoiévski é considerado um dos melhores romancistas que já existiram, conhecido especialmente pelos livros Irmãos Karamazov e Crime e castigo. Suas ideias e textos ajudaram a moldar o modernismo literário, o existencialismo artístico e influenciaram várias teorias da psicologia, teologia e crítica literária. Em sua época também foi reconhecido por sua atividade como jornalista.

Serviço:

BDB Cultural – Junho de 2021

Mesa celebra os 200 anos de nascimento do escritor russo Dostoiévski. Com participação de Augusto Rodrigues, JP Silva e Oleg Andréev Almeida.

04/06 - Transmissão no Youtube e no Facebook da BDB Cultural, às 19h.

Outras informações:

Site www.bdbcultural.com.br

Facebook.com/bdbcultural

Instagram - @bdbcultural

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